Manuel Antonio Noriega, conhecido como o Favorito de Deus, foi um dos líderes mais controversos da América Latina durante as décadas de 1980 e 1990. Nascido em 11 de fevereiro de 1934 na cidade de Panama Viejo, Noriega começou sua carreira militar aos 21 anos, depois de ter trabalhado na alfândega panamenha e, posteriormente, na Guarda Nacional.

Em pouco tempo, Noriega subiu na hierarquia militar do Panamá, devido ao seu vasto conhecimento do idioma inglês. Ele também trabalhou como informante da agência de inteligência dos Estados Unidos, a CIA, no início da década de 1960, quando seu país era visto como um importante ator na política regional em uma época de crescente tensão e conflito entre os países ocidentais e os comunistas.

No entanto, foi em uma reunião de oficiais jovens em 1968 que Noriega começou a se destacar como líder entre seus pares. Naquele mesmo ano, um golpe militar depôs o presidente Arnulfo Arias, e o general Omar Torrijos assumiu o controle do país. Em pouco tempo, Noriega foi nomeado chefe do serviço de inteligência do país, a temível G-2, posição que lhe proporcionou grande poder e influência.

Mas em poucos anos, Noriega se revelaria uma figura complexa e controversa. Ele conquistou uma posição de liderança em meio a um ambiente de corrupção e violência, aproveitando-se da competição entre os Estados Unidos e a União Soviética pela influência regional na América Central. Noriega tornou-se um dos principais narcotraficantes do mundo, transmitindo informações privilegiadas para os cartéis de drogas sul-americanos.

No entanto, foi somente em 1989 que as consequências de suas ações se manifestaram. Quando as tensões entre os Estados Unidos e o Panamá cresceram, o então presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush, ordenou que tropas americanas invadissem o país. Noriega se rendeu, sendo levado para os Estados Unidos para julgamento. Em 1992, Noriega foi condenado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em um tribunal dos Estados Unidos, cumprindo sua pena na prisão até 2007.

Em seus últimos anos, Noriega tentou sem sucesso refazer sua imagem, fazendo novas denúncias sobre suas conexões com a CIA e outras organizações. Embora sua tentativa de reconstruir sua reputação tenha falhado, ele continua sendo uma figura polarizadora no Panamá e em toda a América Latina. Para alguns, Noriega representou uma figura patriótica, um filho leal de seu país. Para outros, ele foi um líder cruel e corrupto que se aproveitou do poder para benefício próprio.

Em última análise, Noriega é um exemplo da conjuntura entre poder, corrupção e violência que ainda afeta muitos países da América Central e do Sul. A história dele e do Panamá nos lembram que a luta contra a corrupção ainda é uma batalha constante em muitas partes do mundo, e que o caminho para a liberdade e a justiça exige vigilância e engajamento por parte de todos os cidadãos.